domingo, 19 de março de 2017

Retorno do homem em movimento


Depois de alguns anos parado, sem movimentar o Blog, um homem em movimento volta a se movimentar novamente. Apesar de muitas histórias não terem sido registradas, registro aqui a minha vontade de continuar sempre em movimento.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

PROJETO DE LEI “LÍNGUA BRASÍLICA” Grande parte da população brasileira ignora a influência indígena na construção da cultura(s) brasileira(s). A língua tupi[1] exerceu grande influência na construção de nossa(s) identidade(s) e no desenvolvimento do português falado no Brasil[2]. Está presente em vários lugares do Brasil. Somente na cidade de São Paulo é possível identificar vários nomes indígenas em todos os cantos (ruas, avenidas, metrô, parques, bairros, localidades geográficas, etc.) [3]. Todo dia sem perceber, nós brasileiros, falamos várias palavras de origem tupi (cutucão, mingau, socar, pipoca, nhenhenhen, etc.). O IDETI, que tem como missão fortalecer, proteger, divulgar a cultura indígena de nosso país, apresenta o Projeto de Lei “Língua Brasílica[4]”, com o propósito de valorizar a presença indígena na construção da identidade brasileira. Este projeto se justifica pelo fato do povo brasileiro se ver diariamente diante de nomes que não compreende, que por sua vez “esconde” significados que falam sobre nossa própria história[5]. Paralelo ao projeto de lei no. 1676-D/1.999, elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), que promove a proteção e a defesa da língua portuguesa. O IDETI, compreendendo a importância da língua como força de identidade de um povo, em nosso caso o povo brasileiro, não o povo português, apresenta o projeto de lei “Língua Brasílica” em defesa da língua indígena presente na cultura brasileira de nosso dia-dia. Entendemos que o português falado no Brasil, se diferencia do português falado em Portugal pela quantidade de vocábulos oriundos de palavras africanas e indígenas incorporados ao nosso léxico. PROPOSTAS DO IDETI Realizar cerimônia na Câmara dos deputados e Senado Federal. Em ato simbólico, revogando a Carta Régia de 07 de junho de 1.755, (Diretório dos Índios) [6] imposto por Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido por Marquês de Pombal, que proibiu o ensino e o uso da língua tupi em todo território nacional, instituindo o português como única língua do Brasil. Com a Constituição de 1.988 os direitos indígenas foram reconhecidos no artigo 231[7], no entanto, no artigo 215[8], garante ao Estado em seu § 1º a proteção às manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. Assim, o IDETI entendendo a presença indígena na construção da civilização nacional apresenta o projeto de Lei “Língua Brasílica” com o propósito de combater a condição de ignorância em que foi submetido o povo brasileiro em todas as camadas sociais, por cerca de três séculos, para os signifcados da língua tupi presentes em nosso dia-dia. Assim, por meio de argumentos legítimos, fundamentados nos propósitos do artigo 215 da Constiuição Federal, referente ao § 1º, propomos que a língua tupi que seja reconhecida como “patrimônio cultural brasileiro”. Inicialmente poderá ser estabelecido: § Tradução das placas de ruas e avenidas que tenham nome tupi para o seu significado correspondente em portugûes; § Reconhecer o Museu da Língua Portuguesa como Museu da Língua Brasileira; § Tradução para o idioma português, inglês e espanhol de locais turísticos que tenham nome tupi, informando o seu significado e o contexto histórico-cultural [9]; § Desenvolvimento de projetos com tupinólogos para atividades relacionados a cultura brasileira [10]. O IDETI acredita que esta iniciativa deverá estimular o interesse pelo estudo da língua tupi, agregando aos objetivos da Lei Federal 11.645/08[11] , que determina o ensino da história e da(s) cultura(s) indígena(s) nas escolas brasileiras. Primeiramente o contato para a realização destas ações será feito com Prof. Dr. Eduardo de Almeida Navarro[12], do Departamento de Letras Clássicas da Universidade de São Paulo (USP) e com o Prof. Dr. Aryon Dall’Igna Rodrigues, do Laboratório de Línguas Indígenas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília para o desenvolvimento das atividades e elaboração de projetos. [1] Século XVI: O tupi, principalmente o dialeto tupinambá, que ficou conhecido como Tupi Antigo, é falado da foz do Amazonas até Iguape, em São Paulo. De Cananéia à Lagoa dos Patos falava-se o Guarani. Séculos XVII/XVIII: O extermínio dos tupinambás, a partir de 1550, a imigração portuguesa maciça e a introdução de escravos africanos praticamente varre o tupi da costa entre Pernambuco e Rio de Janeiro. Em São Paulo e no Pará, no entanto, ele permanece como língua geral e se espalha pelo interior, levado por bandeirantes e jesuítas Século XX: O português se consolida a partir da metade do século XVIII. O tupi antigo desaparece completamente, junto com outras línguas indígenas (das 340 faladas em 1500, sobrevivem, hoje, apenas 170). A língua geral da Amazônia, o nheengatu, continua sendo falada no alto Rio Negro e na Venezuela por cerca de 30 000 pessoas. [2] De acordo com as palavras de Alfredo Bosi sobre o Tupi, diz: “Ele vive subterraneamente na fala dos nossos caboclos e no imaginário de autores fundamentais das nossas letras, como Mário de Andrade e José de Alencar”, Alfredo Bosi, um dos maiores estudiosos da Literatura do país. “É o nosso inconsciente selvagem e primitivo.” [3] Dos 2.021 municípios listados no guia de roteiros turísticos do Brasil, editado pela Folha de São Paulo (1.995), 830 (41,06%) têm origem no tupi, o que representa a segunda maior fonte da toponímia brasileira. O estado com o maior número de cidades com nomes de origem Tupi é o estado de São Paulo. No Estado do Paraná, verificamos a existência de 25 municípios com nomes de origem Tupi total ou parcialmente: Almirante Tamandaré, Andirá, Arapongas, Assaí, Cambará, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guaíra, Guaraniaçu, Guarapuava, Ibati, Ibiporã, Irati, Ivaiporã, Jacarezinho, Jaguapita, Jandaia do Sul, Mandaguari, Maringá, Paranaguá, Paranavaí, Piraí do Sul, Porecatu, São Miguel do Iguaçu e Ubiratá. Partamos para o seu estudo [4] De acordo com Aryon Rodrigues, quando Portugal começou a produzir açúcar em larga escala em São Vicente (SP), em 1.532, a Língua Brasílica, como era chamada a língua Tupi, já tinha sido adotada por portugueses que haviam se casado com índias e por seus filhos. “No século XVII, os mestiços de São Paulo só aprendiam o português na escola, com os jesuítas”. Pela mesma época, no entanto, os faladores de tupi do resto do país estavam sendo dizimados por doenças e guerras. No começo daquele mesmo século, a língua já tinha sido varrida do Rio de Janeiro, de Olinda e de Salvador; as cidades mais importantes da costa. Hoje, os únicos remanescentes dos tupis são 1 500 tupiniquins do Espírito Santo e 4. 000 potiguaras da Paraíba. Todos desconhecem a própria língua. Só falam português. [5] Nome como Jabaquara (nome de bairro e estação de metrô em São Paulo), significa toca dos fugitivos, referente ao antigo quilombo que existia no século XIX, outro como Ibirapuera (nome de um conhecido parque em São Paulo), significa o que deixou de ser árvore (arvore morta, podre) pelo fato de ser um brejo pela sua característica geográfica. De acordo com Aziz Ab’Saber os tupis foram os primeiros geógrafos. Q uando os portugueses aqui chegaram, ao conhecerem a língua, passaram a conhecer o significado dos lugares. [6] ALMEIDA, Rita Heloísa de. O Diretório dos Índios: Um Projeto de “Civilização” no Brasil do Século XVIII. Brasília, UnB, 1997. [7] Artigo 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. [8] Artigo 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. [9] As cidades que têm nome tupi poderão colocar na entrada da cidade uma placa de informação sobre o nome da cidade. Ex: Bem vindos à Paranapiacaba – Lugar de onde se vê o mar; Bem vindo a Pindamonhangaba – Lugar onde se faz anzóis; etc. [10] Departamento de Letras Clássicas da Universidade de São Paulo (USP), professor Eduardo de Almeida Navarro que criou a ONG Tupi Aqui, que tem por objetivo lutar pela inclusão do idioma como matéria optativa no currículo das escolas paulistas. [11] Em 1994, o Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro aprovou uma recomendação para que o tupi fosse ensinado no segundo grau. A decisão nunca chegou a ser posta em prática por pura falta de professores. Hoje, só uma universidade brasileira, a USP, ensina a língua, considerada morta, mas ainda não completamente enterrada. [12] O professor Eduardo Navarro criou a ONG Tupi Aqui, que tem por objetivo lutar pela inclusão do idioma como matéria optativa no currículo das escolas paulistas. Navarro lançou o seu Método Moderno de Tupi Antigo e colocou nas livrarias Poemas — Lírica Portuguesa e Tupi de José de Anchieta (ambos pela Editora Vozes), edição bilíngüe de obras do primeiro escritor em língua tupi.

Projeto Tenonderã

A Agenda 21 Global reconhece os povos indígenas como parceiros na defesa do meio ambiente. No entanto, apesar deste reconhecimento, os povos indígenas se apresentam como figurantes na construção das políticas ambientais. Para alterar esse quadro é necessário que as lideranças indígenas discutam sobre as atuais políticas ambientais e ampliem a participação neste cenário. O projeto Tenonderã, que na língua Guarani significa “Olhar para o Futuro”, consiste em promover um encontro de jovens Guarani Mbyá do Estado de São Paulo na aldeia Tenondé Porã (São Paulo – SP), seguido de intercâmbio entre as 14 aldeias participantes. O objetivo é sensibilizar os jovens e lideranças Guarani Mbyá convidados para os atuais desafios ambientais, local e global. Durante o encontro serão discutidos: meio ambiente, saúde, esporte e saúde, cultura e território, com a presença de palestrantes Guarani Mbyá e especialistas não-indígenas. Pretende-se como resultado do encontro e intercâmbio a construção da “Carta Tenonderã”. O projeto Tenonderã, financiamento pelo FEMA (Fundo Especial do Meio Ambiente) é uma iniciativa dos jovens Guarani da aldeia Tenondé Porã, que tem o IDETI (Instituto das Tradições Indígenas) como instituição proponente em parceria com a Associação Guarani Tenondé Porã.